segunda-feira, 18 de setembro de 2023

O que você vai ser quando envelhecer? Alzheimer e suas consequências

 

Estamos envelhecendo. Envelhecemos a cada dia. A cada hora. A cada minuto, a cada segundo. Envelhecemos como humanos que somos, como indivíduos, como população. O Brasil não é mais um país predominantemente jovem, nos diz o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). De 2012 para cá, a porcentagem de pessoas com 60 anos ou mais passou de 11,3% para 14,7% – cerca de 9 milhões de brasileiros/as.

A faixa de 30 anos ou mais também sofreu alterações. Se, em 2012, representava 50,1% da população, de acordo com os dados atuais, atualmente corresponde a 56,1%. Mais adultos, mais idosos, menor taxa de crescimento anual desde 1872 (0,52%): estamos envelhecendo.

Este não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2021, uma em cada dez pessoas tinha 65 anos ou mais. Em 2050, a projeção é de que sejam seis em dez. “A população está envelhecendo em uma tendência global irreversível”, afirmam os autores do relatório “Não deixando ninguém para trás em um mundo em envelhecimento”, publicado este ano.

Com o aumento da população de idosos, questões relacionadas à saúde e ao bem-estar desta faixa etária se fortalecem. A Alzheimer’s Association nos alerta: em todo o mundo, mais de 50 milhões de pessoas vivem com alguma forma de demência, um dos problemas relacionados ao envelhecimento que vêm desafiando governos e famílias. Aqui, temos mais de um milhão de brasileiros que sofrem por essa razão. Por isso, na semana do dia mundial do Alzheimer (21 de setembro), sob a inspiração do grupo Legião Urbana, na música “Pais e filhos”, o BlogDec traz um questionamento: o que você vai ser quando envelhecer? 


 

No Informe Geral sobre Alzheimer de 2019, a Alzheimer’s Association alerta: em 2050, a previsão é de que a doença de Alzheimer afete 152 milhões de pessoas em todo o mundo. Atenção: estamos tratando aqui apenas de números relacionados aos indivíduos portadores da doença. E as famílias? “O Alzheimer é um tipo de demência que afeta memória, raciocínio e comportamento”, lemos no site da associação. Pessoas em estágios mais avançados da doença já não podem mais ficar sozinhas, precisam de cuidados o tempo todo. Este fato afeta familiares, cuidadores, amigos e a sociedade, que deve desenvolver mecanismos para absorver as novas demandas.

E tem mais: os próprios pacientes falam sobre a maneira como são tratados e nos chamam a atenção para os estigmas que a doença ainda comporta: “meu neurologista ignorou minha presença quando falou sobre o diagnóstico com o meu marido”; “o neurologista me deu o diagnóstico de Alzheimer aos 56 anos e me disse para ir para casa organizar minhas coisas e esperar minha morte prematura”, lemos no Informe Geral sobre Alzheimer de 2019. Muitos relatam a perda de amizades e de relacionamentos afetivos, distanciamento das famílias: “chamo isso de divórcio da amizade. Perdi uma boa quantidade de pessoas na minha vida que considerava serem minhas amigas”; “para ser honesto, ninguém quer sair com um cara que tem 58 anos e tem Alzheimer”, “minha esposa e eu nos divorciamos depois do diagnóstico... Decisão dela”. 


 

Alzheimer e seus estágios

É importante frisar: a doença de Alzheimer não faz parte do processo natural de envelhecimento. Tem, como causa, mudanças no cérebro devidas ao acúmulo de proteínas beta-amiloide em placas ou pedaços, atrapalhando a comunicação entre as células nervosas e, muitas vezes, causando a sua morte. São três os estágios da doença, segundo Alzheimer’s Association Brasil: inicial, leve a moderado e grave. O primeiro tem, como características, alterações na memória, na personalidade, na organização ou no planejamento de atividades. Já no segundo, a pessoa pode confundir palavras, agir de maneira inesperada (como se recursar a tomar banho), ter dificuldades para expressar o que sente. A partir deste momento, uma ajuda mais próxima começa a ser necessária. No estágio grave, o paciente perde a capacidade de interagir, manter uma conversação e até mesmo de se movimentar.

 

A informação desempenha um papel fundamental na luta contra o Alzheimer: é preciso identificar os fatores de risco, adotar medidas para reduzir, postergar e até mesmo prevenir a doença. Além disso, precisamos combater os estigmas sofridos pelos pacientes. Podemos atuar em várias esferas e ambientes, até mesmo – e talvez principalmente – em ambientes de ensino. Disponibilizamos aqui fontes de consulta e sugestões para trabalho em sala de aula. Como consta no tema do dia mundial do Alzheimer deste ano, defendemos que “nunca é cedo demais, nunca é tarde demais”. 

O que você vai ser quando envelhecer?

 

Texto: Fernanda Veneu

Imagens: Pixabay

 

Para refletir: Como integrar, na sala de aula, informações e reflexões sobre a doença de Alzheimer e outras demências, uma vez que vão se tornar, cada vez mais, um desafio cotidiano na vida dos alunos?

Fontes/Para saber mais:

IBGE

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/34438-populacao-cresce-mas-numero-de-pessoas-com-menos-de-30-anos-cai-5-4-de-2012-a-2021

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/37237-de-2010-a-2022-populacao-brasileira-cresce-6-5-e-chega-a-203-1-milhoes

https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-revelam-que-o-brasil-esta-envelhecendo/

https://www.correiobraziliense.com.br/brasil/2023/06/5105391-censo-2022-populacao-cresce-menos-e-resultado-surpreende-entenda.html

 

Relatório da ONU

https://www.un.org/development/desa/pd/sites/www.un.org.development.desa.pd/files/undesa_pd_2023_wsr-fullreport.pdf

 

Alzheimer

https://www.alz.org/alzheimers-dementia/what-is-alzheimers

https://bvsms.saude.gov.br/nunca-e-cedo-demais-nunca-e-tarde-demais-setembro-mes-mundial-do-alzheimer/

https://www.alz.org/br/demencia-alzheimer-brasil.asp

https://www.alz.org/alzheimers-dementia/what-is-alzheimers

https://www.alzint.org/u/WorldAlzheimerReport2019-Spanish-Summary.pdf

https://www.alzint.org/u/Abridged-World-Alzheimer-Report-2021_Jan2022.pdf

 

Estigma

https://www.torrentonline.com.br/pacientes/materiais-de-saude-mental/assets/pdfs/Alzheimer/7902677-MEMORIAS-o-estigma.pdf

 

Música

Pais e filhos, Legião Urbana: álbum Legião Urbana, as quatro estações, 1989.

https://www.youtube.com/watch?v=DEwLqT669Do

 

Filmes

Para sempre Alice (Still Alice), Estados Unidos, 2014

Direção e roteiro: Richard Glatzer e Wash Westmoreland

Elenco: Julianne Moore (Oscar, Bafta e Globo de Ouro de melhor atriz), Kristen Stewart, Alec Baldwin, Kate Bosworth, Hunter Parrish

Alice Howland, doutora em Linguística, tem a vida totalmente modificada após receber o diagnóstico de Alzheimer.

Viver duas vezes (Vivir dos veces), Espanha, 2019

Direção: María Ripoli

Elenco: Oscar Martínez, Inma Cuesta, Mafalda Carbonell e Nacho López.

Diagnosticado com Alzheimer, Emilio decide partir em uma viagem para buscar o amor de sua vida e declarar-se a ela, antes de perder a memória. Com ele, vão a filha e a neta, o que acaba trazendo mudanças na relação dos três.

 

Exposição virtual

Alzheimer https://www.artbiobrasil.org/alzheimer

Trabalhos inéditos de 20 artistas contemporâneos sobre o tema. Concepção, curadoria e produção: ArtBio. Apoio: Casa da Ciência da UFRJ.

 

Instagram

Contas que contêm informações sobre a doença a partir de diferentes pontos de vista: científico, humano e de assistência social/educação

https://www.instagram.com/abrazalzheimer/ – Associação Brasileira de Alzheimer

https://www.instagram.com/obomdoalzheimer/ – Perfil direcionado para os que cuidam de pessoas com Alzheimer

https://www.instagram.com/institutoalzheimerbrasil/ – Instituição brasileira com o objetivo de promover a assistência social, a educação e a saúde no tema Alzheimer


 

Ciência, tecnologia, sociedade e solidariedade

  Nos anos 1960/70, o campo do conhecimento Ciência, Tecnologia e Sociedade começou a se delinear e foi se consolidando ao longo do tempo,...