Encerramos outubro com uma reflexão sobre outra data importante do mês: o dia internacional para a prevenção dos desastres naturais. Segundo o relatório da Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres (UNDRR) de 2022, até 2030, com as projeções climáticas atuais, o mundo enfrentará cerca de 560 desastres naturais por ano. Esta previsão nos convida a profundos questionamentos, até mesmo existenciais.
Nos últimos meses, vivenciamos secas extremas no Norte e chuvas torrenciais no Sul do Brasil. O Amazonas é um dos estados que mais sofrem com a estiagem: em um ano, a região perdeu cerca de 14 mil km² de superfície hídrica, o equivalente a 11 vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro. Além disso, neste mês de outubro, o Rio Negro, considerado o sétimo maior rio do mundo, atingiu o menor nível já registrado em 121 anos: 13,2 metros de profundidade. Você consegue imaginar o impacto desses fenômenos na vida de mais de 600 mil pessoas que vivem no estado?
O que há de “natural” nestes desastres?
O movimento de variações climáticas no globo terrestre é, de fato, um fenômeno natural do planeta. As evidências geológicas indicam que a temperatura média da Terra já foi bem mais alta e bem mais baixa no passado. Entretanto, quando nos referimos a fenômenos como este, estamos tratando de um movimento natural e cíclico ao longo de milênios.
A grande mudança está em nossa relação com o planeta. O uso irregular dos solos, o mau gerenciamento dos recursos hídricos, o desmatamento e a ordem de consumo mundial alteram intensamente as condições ambientais, exercendo pressão sobre os recursos naturais – que, muitas vezes, se esgotam. Por isto, a maneira como vivemos e utilizamos os espaços que ocupamos não afeta apenas a nós, mas sim toda a biodiversidade terrestre. O uso de combustíveis fósseis, por exemplo, está relacionado ao aumento da temperatura na Terra.
Cada fração de grau de aquecimento faz uma diferença gigantesca no cenário mundial, refletindo na frequência e intensidade dos chamados desastres naturais. Neste quesito, o ano de 2023 vem ganhando destaque. Atingimos novos recordes climáticos, registrando temperaturas jamais vistas e sendo palco para secas, incêndios e inundações recordes em todo o globo. Basta estar atento: furacões, secas, inundações e suas consequências têm ocupado lugar de destaque nos noticiários.
É possível mudar o rumo desta história. Mas como? O que podemos fazer no âmbito individual e coletivo para amenizar os nossos impactos sobre a Terra?
Um desafio global como este exige alterações também no âmbito mundial, sendo necessárias novas abordagens, transformações políticas e econômicas em todo o planeta. É preciso resgatar a nossa relação com a Terra. Afinal, a crise climática é uma crise humana.
Para refletir (responda nos comentários): Sabemos que os desastres naturais são consequências que vão além do individual. Estamos tratando de um problema sistêmico e que acentua as desigualdades existentes em todo o mundo. Entretanto, é preciso engajamento em colaboração radical, entre os variados setores sociais, crenças e bases de conhecimento. Assim, o que podemos fazer como indivíduo para combatermos as mudanças climáticas?
Texto: Anna Carolina Page, graduanda de Engenharia Ambiental no Cefet/RJ, bolsista de Iniciação Científica (CNPq) e integrante do Labdec
Imagens: Pixabay
Fontes/para saber mais:
Sete sinais da crise climática no Brasil (uol.com.br)
GAR2022: Nosso Mundo em Risco (GAR) | UNDRR
International Day for Disaster Risk Reduction | United Nations
Dia Internacional destaca conexão entre desastres e desigualdade | ONU News
AR6 Synthesis Report: Climate Change 2023 (ipcc.ch)
Vídeos:
The ice cream cake (2019). Produzido pela organização The Nature Conservancy, o vídeo traz reflexões sobre a urgência de agir para deter a crise climática no planeta. (Legenda em português). Disponível em:
Programa Futurando, da DW Brasil – “Adaptando-se às mudanças climáticas”, exibido em 26 de junho de 2023.
Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=aMMP07SWWyw
Documentários e filmes:
O amanhã é hoje – o drama de brasileiros impactados pelas mudanças climáticas (2018). Coordenação e produção executiva: Thais Lazzeri.
Disponível gratuitamente em: https://oamanhaehoje.com.br/
Uma Verdade Inconveniente (2006). Direção: Davis Guggenheim
O ex vice-presidente estadunidense Al Gore traz informações e reflexões sobre o aquecimento global e suas consequências.
Uma Verdade mais Inconveniente (2017). Direção: Bonni Cohen e John Shenk
Também protagonizado por Al Gore, o filme aborda aspectos políticos e econômicos relacionados ao aquecimento global e seus efeitos, bem como tentativas de reverter esse processo.
Em Busca dos Corais (2017). Direção: Jeff Orlowski
O documentarista Jeff Orlowski aborda a mudança nos corais causada pelo aquecimento global, bem como suas consequências.
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