Segundo o Censo Escolar de 2021 (Inep, 2022), o percentual de estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista ou altas habilidades matriculados em classes regulares tem aumentado gradualmente na maioria das etapas de ensino. Trazer, para a sala de aula, pessoas com necessidades especiais requer mudanças de postura de professores, alunos e da própria escola. Neste mês, em que o dia Internacional da Pessoa com Deficiência (3/12) nos interpela, o Labdec vem perguntar: Será que você, professor(a), já foi capacitista?
Mas afinal o que é capacitismo? De acordo
com Nuernberg (2020), o capacitismo é o processo que hierarquiza as variações
funcionais e corporais existentes, privilegiando os que atendem aos padrões
normativos e diminuindo os que não se encaixam neste padrão. Ou seja, os corpos
e funcionamentos de pessoas sem deficiência são considerados superiores e
usados para o julgamento dos demais, que são inferiorizados e ligados à ideia
de fracasso como consequência de suas lesões ou impedimentos.
Existem expressões do vocabulário da língua portuguesa que utilizamos em sala de aula e não as percebemos como capacitistas (mas elas são!). Que tal testar seus conhecimentos selecionando algumas dessas expressões:
1 – “Está surdo/cego?”
2 – “Dar uma de João sem braço”
3 – “Não temos pernas/braços para realizar esse projeto?”
4 – “Não quero ouvir um pio”
Se selecionou as três primeiras, você acertou!
Para aprender mais sobre expressões capacitistas, separamos esse vídeo da youtuber e influenciadora @marianatorquato do seu canal @vaiumamãozinha. (https://www.youtube.com/watch?v=iTLBZkzqtpk)
Fonte: ONU (símbolo oficial de inclusão)
Para refletir (responda nos comentários): Agora conta para a gente, você conhece outras expressões usadas no dia-a-dia que são capacitistas? Pelo que elas poderiam ser substituídas?
Texto: Clara Baptista, doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência, Tecnologia e Educação e pesquisadora do Labdec
Fontes/Para saber mais:
INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Resumo Técnico Censo Escolar da Educação Básica 2021, 2022. Disponível em: <https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_escolar_2021.pdf>. Acesso em 07 fev. 2022.
NUERNBERG, A. H. O Capacitismo, a Educação Especial e a Contribuição do Campo de Estudos sobre Deficiência para Educação Inclusiva. In: MACHADO, R; MANTOAN, M. T. E. (Org.). Educação e Inclusão: entendimento, proposições e práticas. Blumenau, 2020. p. 45 – 60.
Sugestões de materiais para pensar sobre capacitismo e inclusão:
Filmes
Intocáveis (França, 2011. Direção: Eric Toledano e Olivier Nakache) – onde encontrar: Prime Video, Globoplay
Extraordinário (Estados Unidos, 2017. Direção: Stephen Chbosky) – onde encontrar: Prime Video, Netflix
Como Estrelas na Terra (Índia, 2007. Direção: Aamir Khan e Amole Gupte) – onde encontrar: Netflix
Séries
The Good Doctor – onde encontrar: Globoplay
Iniciada em 2017, a série tem, como protagonista, o médico Shaun Murphy, residente de cirurgia em um grande hospital. O rapaz, que tem um talento incomum para diagnósticos, tem também autismo e síndrome de Savant, e é desafiado diariamente pelas situações que vive na vida profissional e pessoal.
Atypical – onde encontrar: Netflix
“Quando um adolescente com traços de autismo resolve arrumar uma namorada, sua busca por independência coloca a família toda em uma aventura de autodescoberta.”
Amor no Espectro – onde encontrar: Netflix
A série nos apresenta a jovens autistas em busca do amor, com o objetivo de inspirar e conscientizar o público ao mostrar histórias reais.
Canais
@vaiumamãozinha (https://www.youtube.com/@VAIUMAMAOZINHAAI)
@inclusãonaprática(https://www.youtube.com/channel/UCal_jADl6zGBkvlqnFZMfTQ)
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