segunda-feira, 7 de agosto de 2023

POR UMA EDUCAÇÃO EM SAÚDE AMPLA, CRÍTICA E POSSÍVEL

 

Você, professor(a), já trabalhou a saúde em suas aulas? Utilizou algum recurso para ensinar este tema? Qual a sua disciplina e como ela se relaciona com a saúde?

        Refletir sobre essas questões é importante, pois sabemos que a abordagem que utilizamos para trabalhar quaisquer conteúdos pode ter diferentes impactos no processo de aprendizagem e significado que os estudantes associam com o cotidiano. Assim, dois conceitos são importantes para entender este fenômeno: a saúde individual e a saúde coletiva.

        Como professores, temos a tendência de reforçar os padrões individuais relacionados à saúde dos nossos alunos, como, por exemplo, higiene básica (lavar as mãos e escovar os dentes), ter uma boa alimentação e praticar atividades físicas. Nossos documentos orientadores, como a Base Nacional Comum Curricular (2017), reforçam essas ações. Neste caso, não é errado ou inapropriado dialogar sobre essas questões. Contudo, entendemos – e agora estamos falando da Saúde Coletiva – que muitos fatores podem influenciar para que cada um de nós possa, ou não, ter acesso e condição de ter uma vida considerada saudável.  

        No Brasil, em 1986, aconteceu a VIII Conferência Nacional de Saúde, que representou um grande avanço, em termos de América Latina, ao compreender que a saúde envolve aspectos coletivos, como, por exemplo, o acesso à educação, a preservação e conservação do meio ambiente, trabalho e renda para todos, entre outros. Percebemos, assim, a educação como condicionante à saúde. Por isso, tem-se a importância da educação em saúde nas escolas, abordada a partir de seu viés político e pedagógico, no sentido de compreender a complexidade de fatores que envolvem este tema. 

 


        A estas alturas, você deve estar se perguntando: no que estas informações influem no processo de ensino-aprendizagem?

        Ao entender a saúde em seus aspectos coletivos, temos a oportunidade de problematizar, com os nossos alunos, entre muitas questões: o devido acesso que temos aos demais setores, além da escola; a disparidade entre os diferentes grupos sociais no que diz respeito ao acesso à saúde; a saúde como Direito assegurado na Constituição Federal; os padrões de beleza e saúde divulgados pela mídia etc. 

 


 

    Além disso, algumas percepções equivocadas sobre a educação em saúde devem ser desconstruídas no ambiente escolar: de que o tema é exclusivo das disciplinas de ciências/biologia e educação física; de que ações isoladas de saúde bucal, exames antropométricos (peso, estatura),  palestras e oficinas são suficientes para trabalhar o tema; e de que trabalhar a saúde na escola é responsabilidade dos profissionais da saúde. 

 


 

        Para refletir (deixe sua resposta nos comentários): E aí, professor(a), você já trabalhou a saúde na perspectiva coletiva em suas aulas? 

 

Texto: José Augusto Dalmonte Malacarne

Imagens: Pixabay

 

        Como sugestão de leitura, indicamos os Parâmetros Curriculares Nacionais, especialmente o documento sobre “Saúde”, de 1998, que ainda hoje é uma das principais referências que os professores utilizam para trabalhar o tema: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/saude.pdf

 

        Em nosso laboratório, recentemente, foi elaborada uma revisão, em periódicos, sobre o tema educação em saúde na Área de Ensino, e foi possível perceber quais os temas, envolvendo a saúde, têm sido trabalhados nas escolas e publicados na literatura científica: https://periodicos.uepa.br/index.php/cocar/article/view/4944/2272

 

        O vídeo “História do SUS e da saúde no Brasil”, do professor Basilio Historiando, disponível no YouTube, nos ajuda a compreender, de forma clara e rápida, a grandiosidade do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, e como este sistema foi elaborado: https://www.youtube.com/watch?v=EgMkicTkeh0&ab_channel=Prof.BasilioHistoriando

 

        O Ministério da Saúde do Brasil, através da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), elaborou uma matéria sobre a relação existente entre saúde ambiental e saúde humana: http://www.funasa.gov.br/saude-ambiental-para-reducao-dos-riscos-a-saude-humana.

 

 

3 comentários:

  1. Ótima abordagem do assunto, gostei bastante!

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  2. Muito bom. Importante mesmo salientar as diferenças entre saúde coletiva e individual pra fomentar a reflexão dos alunos a respeito do tema.

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  3. Que abordagem interessante!!! Reflexões necessárias!!

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