segunda-feira, 3 de junho de 2024

Desafios e contextos do dia mundial do meio ambiente

 

O dia mundial do meio ambiente nunca mais será o mesmo no Brasil, por muitas razões. Uma delas é porque marca a data do assassinato de dois defensores da Amazônia. Em 5 de junho de 2022, o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips sofreram uma emboscada no Vale do Javari (AM). Eles investigavam um esquema de pesca ilegal na região e, pelo que se apurou até o momento, por este motivo, foram mortos com armas de caça e tiveram os corpos esquartejados e enterrados.

Em 23 de abril deste ano, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) adiou a decisão sobre o tipo de júri que vai avaliar o caso. Com isso, não sabemos, ainda, se o caso vai a júri popular, como proposto inicialmente, ou ao tribunal do júri. É preciso atenção: o desfecho ainda está a caminho e nós precisamos acompanhar os acontecimentos.

A outra razão pela qual o 5 de junho nunca mais será o mesmo é o que vem ocupando os noticiários há mais de um mês: a catástrofe no Rio Grande do Sul. Até o fechamento deste texto, a Defesa Civil do estado registrava 172 mortos, 42 desaparecidos, 806 feridos e mais de 580 mil pessoas desalojadas. Não podemos mais subestimar os efeitos da ação humana no ambiente. Isso já nos custou vidas demais.

O dia mundial do meio ambiente tampouco pode ser o mesmo no mundo. Neste primeiro semestre, já se registraram catástrofes ambientais em vários países, afetando pessoas de maneiras diversas. Em janeiro, a tempestade Isha deixou mais de cem mil pessoas sem energia elétrica em pleno inverno na Irlanda e no Reino Unido. Em março, as enchentes no Quênia provocaram a morte de mais de 220 pessoas. Em abril, a Austrália enfrentou a sétima inundação em oito meses. Em maio, a Alemanha registrou a pior enchente em 30 anos


 

O México arde em chamas neste momento, com 121 incêndios ativos – queimando, enquanto, ao sul do continente americano, 70% do Rio Grande do Sul ficou debaixo d’água. E, segundo o relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), em 2023, a Ásia foi o continente mais atingido pelas mudanças climáticas e suas consequências. O planeta inteiro sofre alterações climáticas – e nós sofremos com ele. São milhões de refugiados climáticos, expulsos de suas casas, seus territórios, pela água, pelo fogo ou pela seca.

É esse o contexto do dia 5 de junho, atualmente.

De acordo com o relatório da OMM, 2023 bateu alguns recordes preocupantes: foi o ano mais quente de que se tem registro em 174 anos de medições. Foi também o ano em que se registraram maior frequência e intensidade de ondas de calor no oceano, aumento no nível do mar e dos gases do efeito estufa. E, como se não fosse suficiente, Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, afirma: “a mudança climática vai muito além das temperaturas. O que presenciamos em 2023, sobretudo em relação ao aquecimento dos oceanos, o retrocesso dos glaciares e a perda de gelo marinho antártico sem precedentes é motivo de especial preocupação”

 

O climatologista Carlos Nobre, da USP, alerta para a recorrência destes fenômenos extremos e para o risco de mais desastres ambientais no mundo. Em entrevista concedida à Agência Brasil em maio, afirma: “a população tem de entender que esses eventos extremos são quase uma pandemia climática”.

E nós?

Segundo a OMM, o custo da inação climática é mais alto do que o da ação. Existem diversos níveis de atuação: econômico, político, educacional. De uma certa maneira, estamos imersos em todos eles, em maior ou menor medida.

No âmbito educacional, nossa esfera de atuação, temos muito a fazer. Negacionismo climático, consumismo, racismo ambiental são desafios a enfrentar. Solidariedade e sabedoria, habilidades a desenvolver, cada vez mais. Nosso planeta sofre. E nós com ele.

 


 

Texto: Fernanda Veneu

Imagens: Pixabay

Para refletir: em ano de eleições municipais, como vamos analisar os planos de governo dos candidatos? Vamos buscar informações sobre a pauta ambiental? Como podemos combater o negacionismo climático?

 

Alguns sites de interesse

https://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/clima/mudancas_climaticas2/

https://impactoclima.ufes.br/material-didatico-da-disciplina-mudancas-climaticas-pamb-5093

https://www.un.org/pt/climatechange/science/causes-effects-climate-change

https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/mudancas-climaticas.htm

https://novaescola.org.br/planos-de-aula/fundamental/7ano/ciencias/mudancas-climaticas-o-que-podemos-fazer/2459

Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) em espanhol - https://www.ipcc.ch/languages-2/spanish/

 

Vídeos

Canal Futura - Alterações climáticas e ação humana – Ciências – 8º ano – Ensino Fundamental

https://www.youtube.com/watch?v=debZ-ChunPE

Smile and Learn – mudanças climáticas para crianças

https://www.youtube.com/watch?v=PH5halrNnfI

A história das coisas

https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw

 

Material jornalístico

Mudanças climáticas: a urgente luta para salvar a Terra, da BBC News https://www.youtube.com/watch?v=BB7cRi5wwh0

Programa Panorama, da TV Cultura

https://www.youtube.com/watch?v=qefB2pI9RYY

 

Documentários

O amanhã é hoje (Instituto Ethos)

https://www.youtube.com/watch?v=e_lBl_4qOGQ

Mercado de Carbono

https://www.youtube.com/watch?v=Orf6uLM1Mxc

 

Alguns perfis do Instagram

Greta Thunberg, ativista ambiental - @gretathunberg

Fridays for future Brasil, movimento em prol de mudanças na maneira de conduzir a economia e a política - @fridaysforfuturebrasil

Ailton Krenak, filósofo, ativista e pesquisador indígena, imortal da Academia Brasileira de Letras - - _@ailtonkrenak

Beka Munduruku, ativista indígena - @bekamunduruku

André Trigueiro, jornalista ambiental - @andre_trigueiro

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